sexta-feira, 30 de abril de 2010

BOLETIM ELETRÔNICO DO CHICO


 Boletim Eletrônico  Ano VIII n.359  Rio de Janeiro 29 de abril de 2010
Um grito por outro mundo
"Da Bolívia, no coração da América do Sul, ouviu-se um grito humaníssimo pela Mãe Terra: se não mudarmos o sistema, o clima continuará mudando e tornará inabitável o planeta. Urge uma revolução cultural para que façamos do necessário o suficiente. Praticando o 'bem viver', que é a vida em plenitude, na dignidade do ser e não na acumulação e desperdício do ter." Leia pronunciamento de Chico Alencar sobre a I Conferência Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra. Chico registra belíssimos artigos de Eduardo Galeano eLeonardo Boff >>
 
Sem terra, sem vida
Em 21 de abril, José Maria Filho, o "Zé Maria", foi assassinado em Limoeiro do Norte (CE). Ambientalista, era um atuante líder comunitário da Chapada do Apodi. Movimentos sociais, universidades, organizações de Direitos Humanos e Igreja Católica cobram punição rigorosa aos mandantes e assassinos. "A morte do Zé Maria pode ser comparada à do Chico Mendes, do ponto de vista do enfrentamento às atrocidades provocadas pelo agronegócio", afirmou o vereador João Alfredo (PSOL-CE). Leia pronunciamento de Chico e ofício entregue ao Ministério da Justiça, pedindo apurações à Polícia Federal.
 
O candidato ideal é Plínio
No texto "Declaração de Voto", Frei Betto traça um perfil completo do candidato ideal à Presidência da República, em quem gostaria de votar. "Resta achar o candidato", afirma. Em mensagem, Plínio de Arruda Sampaio, avalisado por sua independência política e por sua biografia, assume todos os desafios traçados por Betto. Leia pronunciamento de Chico, em que ressalta a sintonia entre os parâmetos de Betto e os compromissos firmados em Conferência pela pré-candidatura de Plínio.
 
Plínio no Rio
O debate "O PSOL e os desafios de 2010" está marcado para a próxima quinta-feira (6/5), às 18h. Compõem a mesa os pré-candidatos à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, ao governo estadual, Jefferson Moura, e ao Senado, Milton Temer. O evento está marcado para o salão nobre do IFCS/UFRJ (Largo São Francisco de Paula, nº 1, Centro).
 
Ficha Limpa já!
Por pressão popular, na terça-feira (4/5) será votado um requerimento de urgência para o projeto conhecido como Ficha Limpa. Se aprovada a urgência, o projeto será votado em seguida, em sessão extraordinária. No domingo (2/5), no Rio de Janeiro, haverá a caminhada "Ficha Limpa - eu apoio". Chico estará lá. Frejat e Fernanda Abreu também confirmaram presença. A concentração é às 9h, no Posto 9, Ipanema, saindo às 10h30m em direção ao Leblon.
 
Sessão Solene aos trabalhadores
Nesta terça-feira (4/5), a Câmara dos Deputados realiza Sessão Solene, às 10h, em homenagem ao Dia do Trabalhador. Como um dos proponentes, Chico expressará o apoio às lutas dos trabalhadores, e a necessidade de aprovação de projetos que garantam direitos e condições de trabalho a diversas categorias. Veja Carta aos Parlamentares, escrita pelos servidores do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE).
 
Primeiro de Maio contra as remoções
No Dia do Trabalhador (1/5), uma manifestação percorrerá as ruas de Niterói, saindo da rua A, no Morro do Céu (concentração às 10h). A cidade foi a mais afetada pelas fortes chuvas do início do mês, e novamente tem sido vítima da solução eleita pelo Estado, as remoções. Com o ato, os movimentos sociais visam denunciar as verdadeiras causas da tragédia, e defender o direito humano à moradia - remoções, apenas em área de risco e com contrapartida justa. Os manifestantes vão caminhar até o Morro do Bumba, e em seguida até o Morro do Estado. No Rio de Janeiro, haverá manifestação nesta sexta-feira (30/4), às 10h, em frente à Prefeitura. Leia carta de moradores de favelas ao prefeito.
 
Para nós, esse progresso não Vale
O Movimento Internacional dos Atingidos pela Vale entregou à ONU e à OEA umdossiê com denúncias contra a empresa. O documento reúne as violações socioambientais em oito dos 30 países onde atua, além dos casos brasileiros. Representantes do movimento apresentaram denúncias, na terça-feira (27/4), na Assembleia Geral dos Acionistas da Vale, no Rio de Janeiro. Há duas semanas, realizou-se na cidade o I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale.
 
Educação inclusiva
Chico estará na próxima segunda-feira (3/5), às 11h30m, na UFRJ, participando da mesa redonda "Políticas do ensino superior: emancipatórias ou reguladoras? e o que isso tem a ver com inclusão/exclusão?", do Seminário Internacional de Inclusão em Educação. No debate também estarão os professores Roberto Leher (UFRJ) e Jesús Jorge Pérez Garcia (Universidade de Cuba). O encontro é promovido pelo LaPeade (Laboratório de pesquisa, estudo e apoio à participação e à diversidade em educação) e será realizado no auditório CFCH da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Av. Pasteur, 250 - Praia Vermelha). Veja a programação do evento clicando aqui >>
 
Ao Mestre, com carinho
Leonardo Boff será homenageado com a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no dia 10 de maio (segunda-feira), às 18h30m. A iniciativa é de Chico, enquanto vereador (1989-1996), e realização, agora, de Eliomar Coelho.
 
Artigos
Twittando
"Poucos jovens de 16 e 17 anos tiraram título para votar: 28% menos que em 2006! O prazo vai até dia 5, semana que vem". Está é uma das frases de Chico no twitter. Acompanhe. http://twitter.com/depchicoalencar >>
 
Fique ligado!
Toda segunda-feira, às 8 horas, Chico está no Programa Faixa Livre, na Rádio Bandeirantes (1360AM). Você pode acompanhar também pela internet:www.programafaixalivre.org.br >>
Leia e comente, também, as postagens do Chico em seu blog, no endereçowww.youpode.com.br/blog/chicoalencar/, com comentários políticos e culturais.
 
Frase da semana
"A natureza não é uma mercadoria, com seus 'recursos', mas nosso ambiente vital". (Chico Alencar, em pronunciamento na Câmara, sobre a I Confêrencia Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra)
 
Deu na imprensa
  
  
AGENDAARTIGOS
 
 
Clique aqui e indique um amigo para receber o boletim eletrônico
 
Clique aqui para cancelar o recebimento do boletim
 
PARA CONTATO CLIQUE AQUI

terça-feira, 27 de abril de 2010

FICHA LIMPA EM SETE DIAS!!




Só temos uma semana até a votação da Ficha Limpa. Clique a abaixo para acabar com a corrupção!:

Assine a petição!
Semana que vem o congresso irá votar na Ficha Limpa, podendo eliminar das eleições candidatos com ficha criminal. Um movimento sem precedentes surgiu - juntos nós conseguimos 1,9 milhões de assinaturas e inundamos nossos parlamentares com mensagens e telefonemas.

Agora estamos na reta final. Dezenas de deputados respondem a processos por corrupção, e eles tentarão de tudo para convencer os outros a votarem contra a Ficha Limpa. A nossa pressão tem que ser mais forte.

O voto será apertado e somente uma mobilização popular *massiva* poderá garantir que a Ficha Limpa passe. Todo brasileiro precisa ter a chance de levar a sua voz ao congresso – encaminhe este alerta para os seus amigos e familiares para ultrapassarmos a nossa meta de 2 milhões de nomes:

http://www.avaaz.org/po/brasil_ficha_limpa/?vl

Eles tentaram acabar com o projeto em cada passo: no grupo de trabalho, em plenária, e de volta à comissão. Nós lutamos muito por esta votação e conseguimos! Semana que vem será a votação que ira definir se o Brasil do futuro será uma verdadeira democracia ou se continuará a ser governado por interesses corruptos. Todo brasileiro precisa tirar dois minutos do seu tempo para aderir à Ficha Limpa, é o mínimo que podemos fazer pelo nosso país.

Caso você já tenha assinado a petição e divulgado para os seus amigos, há um link na página da petição para uma central de mobilização onde você pode continuar a pressionar o seu deputado ligando e insistindo para ele votar a favor da Ficha Limpa. Tudo que fizermos na próxima semana - assinando, encaminhando emails, ligando, falando sobre o assunto no trabalho ou com a família – contribuirá para o movimento nacional massivo que precisamos. Para começar, assine abaixo:

http://www.avaaz.org/po/brasil_ficha_limpa/?vl

Com esperança,

Graziela, Ricken, Alice, Pascal, Luis, Paul, Iain e toda a equipe Avaaz

Saiba mais sobre a Ficha Limpa:

Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral:
http://www.mcce.org.br/

ONGs reforçam pressão por projeto 'Ficha Limpa':
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,ongs-reforcam-pressao-por-projeto-ficha-limpa,540304,0.htm

Temer quer votar Ficha Limpa no início de maio:
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/04/20/temer-quer-votar-ficha-limpa-no-inicio-de-maio-916393570.asp

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Nos jornais: governo planeja soltar 20% dos presos do país




O Globo

Governo planeja soltar 20% dos presos do país 

Projeto prevê que 80 mil detentos fiquem sob vigilância eletrônica
Para fazer frente à superlotação das prisões brasileiras, projeto do Ministério da Justiça propõe que os detentos menos perigosos saiam das cadeias e passem a ser monitorados eletronicamente. A medida pode mandar para as ruas 80 mil presos, cerca de 20% da população carcerária do país. Teriam direito ao benefício presos que ainda aguardam julgamento por crimes que não colocaram em risco a vida e a integridade física de ninguém: em vez de mantidos nas celas, eles usariam pulseiras ou tornozeleiras que permitem localizálos permanentemente. A proposta de vigilância eletrônica, debatida no congresso da ONU sobre prevenção ao crime, formou uma espécie de consenso no governo de que esta é praticamente a única saída diante das condições críticas das prisões brasileiras. Dados oficiais mostram que o número de detentos aumenta 7,3% ao ano e que o déficit de vagas já chega a 180 mil. 

Nas prisões, uma aula sobre o Brasil 
 
Nos últimos 20 meses, 21.280 pessoas presas indevidamente foram libertadas: muitas já tinham cumprido a pena ou nem tinham sido julgadas e estavam presas por tempo superior ao prazo legal. A libertação foi feita pelos mutirões carcerários do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Desde agosto de 2008, foram examinados 118.221 casos para verificar eventuais irregularidades. Contando com os alvarás de soltura, 35.393 benefícios foram concedidos no período. Nas inspeções do CNJ, foi verificado que muitos presos não tinham seus direitos respeitados, como o de estudar, sair de dia para trabalhar e nos feriados e cumprir a pena em prisão domiciliar — vantagens obtidas pelos de bom comportamento e com certo percentual da pena já cumprido em regime fechado.
PSB já prepara a conta 

Depois de se reunir amanhã para sepultar, oficialmente, a candidatura à Presidência do deputado Ciro Gomes (PSBCE), a cúpula do PSB vai cobrar do comando da campanha da candidata petista Dilma Rousseff a contrapartida para o desgaste, nas palavras de um dirigente do partido. A cúpula do PSB espera a liberação para que aliados, como PCdoB e PR, façam coligações regionais com o partido, sob o argumento de que a reciprocidade é esperada depois da retirada da candidatura de Ciro — que atacou Dilma e afirmou que o tucano José Serra está mais bem preparado do que ela. A interlocutores, Ciro disse que, com o fim de sua candidatura, vai viajar para o exterior. Alguns integrantes do PSB estão irritados com Ciro e esperam que ele “pare de surpreender”, ou seja, de atacar Dilma e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ciro disse que deve ficar fora por um período de 30 dias. O deputado não irá amanhã ao encontro da Executiva do partido, no qual deverá ser formalizada a aliança em torno de Dilma. A ausência de Ciro, afirmam os aliados, foi acertada com os dirigentes do partido.

Dilma rebate Ciro e diz que tem experiência  
Antes de discursar ontem na convenção estadual do PT do Rio de Janeiro, a pré-candidata do partido ao Planalto, Dilma Rousseff, disse que tem experiência administrativa para governar. Foi uma resposta ao deputado Ciro Gomes (PSB) que, depois de ver sua candidatura presidencial retirada pelo partido, disse que a petista não está preparada para o Planalto: — A opinião é dele. Não tenho o que comentar. Acho que tenho todas as condições para ser candidata — disse, listando seu trabalho nos três níveis da administração pública, na Casa Civil e nas lutas políticas.

Site de petista se explica sobre foto de Norma Bengell 
 
Uma foto da atriz Norma Bengell no site da pré-candidata Dilma Rousseff causou constrangimento neste fim de semana, no site oficial da candidata do PT à Presidência. Na imagem, Norma, de cabelos curtos e expressão decidida, surge à frente de um cartaz com os dizeres “Contra a censura pela cultura”, entre duas outras fotos, numa seção intitulada “Minha vida”, com a biografia de Dilma. A primeira foto, à esquerda, mostra Dilma ainda criança, enquanto a última, à direita, apresenta a candidata numa foto recente. No sábado, ao se passar o mouse do computador pela imagem, uma mensagem aparecia no monitor: “Conheça Dilma”. Ontem, responsáveis pelo site mudaram a legenda das três fotos para “Dilma criança, manifestantes nos anos 60 e Dilma já ministra”. Em nota divulgada ontem, o site “Dilma na web”, lançado no último dia 19, diz que “lamenta profundamente a interpretação equivocada da foto que traz a atriz Norma Bengell participando de uma passeata contra a ditadura. Jamais houve a intenção de confundir a sua imagem com a de Dilma, o que seria estapafúrdio, ainda mais se tratando de uma figura pública”.

UNE decide não declarar apoio a candidatos 
 
A União Nacional dos Estudantes (UNE) decidiu ontem não declarar apoio a candidatos nas eleições para a Presidência da República. A discussão marcou o fim do 58oConselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), realizado no terreno da futura sede da entidade, na Praia do Flamengo. Havia pressão de alguns grupos para que a UNE apoiasse a précandidata Dilma Rousseff (PT). No entanto, a proposta não foi à plenária final, já que a corrente, minoritária, foi convencida a recuar na madrugada de ontem. A ideia de fazer uma campanha contra o pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB) também não seguiu em frente.

Serra e Dilma à mesa com Conceição 
 
Adversários na política, os pré-candidatos à Presidência José Serra (PSDB) e Dilma Rouseff (PT) sentaram-se anteontem à mesma mesa, no Rio, no aniversário de 80 anos da economista Maria da Conceição Tavares. Por 40 minutos, os dois estiveram lado a lado, separados pela aniversariante. Dilma e Serra disseram ter tratado apenas de amenidades, dadas as circunstâncias do encontro, organizado na Casa do Minho, clube de origem portuguesa no bairro do Cosme Velho. À exceção de uma ligeira conversa entre Serra e excompanheiros de exílio, a festa não ganhou ares eleitorais. Conceição estava tão alegre que até puxou um trenzinho com os convidados. Ela só saiu da festa às 2h, com fôlego de sobra para mais uma rodada de conversas com amigos e ex-alunos em sua casa. Segundo um convidado que participou da roda entre Serra e os colegas de exílio, o tucano teria perguntado: “Vocês vão votar em mim, né?”. Serra teria emendado: “O meu governo vai ser mais à esquerda que o da Dilma. Controlo minha turma, não sei se ela vai controlar o PMDB”. Quando os pré-candidatos levantaram-se para uma foto ao lado da decana, os cerca de 70 convidados aplaudiram.

Guerra: 'O Brasil tomou nota do que Ciro falou' 
 
O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), comemorou ontem discretamente em entrevista ao jornalista Ricardo Noblat, por meio do Twitter, as declarações do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) sobre a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Segundo ele, os comentários de Ciro são “verdades” e o Brasil não vai esquecê-los. Irritado com o PT e com seu próprio partido, Ciro disse, na semana passada, que o pré-candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra (SP), é mais bem preparado para governar do que Dilma.
— Ciro é uma pessoa que fala o que pensa. O que ele disse sobre Dilma são verdades. O Brasil tomou nota do que o Ciro falou e não vai esquecer disso — afirmou Guerra.
O presidente do PSDB evitou especular sobre como Ciro vai se posicionar na corrida presidencial, mas destacou: — Ciro afirmou que Serra estava mais qualificado para governar do que Dilma. Para mim, isso já é o bastante.
Folha de S. Paulo
Lula chama Dilma e pede mudança de discurso na TV 

O presidente Lula decidiu intervir e pedir ajustes na campanha de Dilma Rousseff. Chamada para uma conversa na sexta-feira, Lula reclamou que a pré-candidata do PT está sendo muito "técnica", precisa ser "direta e simples" nas entrevistas para a TV e falar frases mais sintéticas, evitando deixar raciocínios sem conclusão. Dois dias antes, Dilma havia participado do "Brasil Urgente", na TV Bandeirantes. Lula não viu o programa, mas foi informado que Dilma estava muito nervosa e, em vários momentos, deu respostas longas, sem concluir seu raciocínio. Em sua avaliação, nada grave nessa fase, mas um tipo de erro que não pode se repetir durante a campanha, principalmente nos debates eleitorais.

Petista rebate Ciro e diz ter "todas as credenciais' 

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou ontem que tem "todas as credenciais" para disputar o cargo. Ela listou as funções que já ocupou em diferentes governos ao comentar as críticas feitas pelo deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), que ainda postula concorrer à sucessão do presidente Lula. Na semana passada, Ciro disse que o pré-candidato tucano, José Serra, era mais preparado do que ela por já ter sido governador, prefeito e ministro. "Reitero tudo o que disse do Ciro Gomes. Eu o respeito, eu tenho admiração, tenho amizade pelo Ciro Gomes. Opinião dele é opinião dele. No que se refere à posição do Ciro Gomes, não tenho o que comentar. Da minha parte, acho que tenho todas as credenciais para ser candidata a presidente", disse.

Presidenciáveis disputam voto evangélico 

De olho num rebanho que já representa um quarto do eleitorado brasileiro, os pré-candidatos à Presidência iniciaram uma guerra de bastidores pelo apoio das igrejas evangélicas. A disputa para engajar bispos e pastores nas campanhas promete ser a mais acirrada desde a explosão do segmento religioso, na década de 1990. À frente nas pesquisas de intenção de voto, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) investem na aproximação com as gigantes Assembleia de Deus e Universal, respectivamente. Única evangélica na disputa, Marina Silva (PV) enfrenta dificuldade para fechar alianças formais, mas dedica parte expressiva da agenda a encontros com fiéis e líderes religiosos.

Marina amplia pressão por lei ambiental 

Apresentada como "protetora da floresta" e "candidata à Presidência do Brasil", a senadora Marina Silva (PV) recebeu aplausos e assobios antes e depois de discursar por menos de cinco minutos ontem, em Washington, em ato pelas comemorações do Dia da Terra. Para a senadora, a intenção principal é movimentar a opinião pública americana para pressionar pela lei do clima, cuja discussão acaba de ser preterida no Senado dos EUA pelo debate sobre a reforma migratória. "O povo americano já fez isso em momentos importantes da história em favor da humanidade. Agora é o momento de assumir esse compromisso em favor da história da trajetória do planeta", disse no palco.

Decisão do Supremo pode redefinir mapa do Brasil 

O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que o Serviço Geográfico do Exército faça perícia topográfica para esclarecer uma polêmica que se arrasta desde 1922, envolve 2,2 milhões de hectares na divisa entre Mato Grosso e Pará e pode mudar o mapa do país. A decisão foi do ministro Marco Aurélio Mello e atendeu a um pedido formulado pela Procuradoria de Mato Grosso. Para o Estado, uma confusão em relação aos pontos de referência, cometida pelo Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, hoje IBGE, propiciou ao Pará ganhar toda a área -cuja extensão equivale à de Sergipe. A disputa causa problemas aos moradores dos ao menos sete municípios afetados. Há dúvidas sobre a validade de títulos de terra já concedidos pelos dois Estados e alguns moradores não sabem a quem cobrar por serviços ou pagar tributos.

Por Tuma, PP assedia PTB em São Paulo 

A falta de espaço na aliança tucana em São Paulo pode empurrar o PTB rumo a uma aproximação com o PP no Estado. O partido, aliado histórico dos tucanos, é cobiçado por pepistas para uma chapa estadual que agregaria as candidaturas de Celso Russomano (PP-SP) ao governo e de Romeu Tuma (PTB-SP) ao Senado. Na última semana, o presidente estadual do PTB, deputado estadual Campos Machado, anunciou a decisão de manter a candidatura de Tuma à reeleição. O PTB esperava uma das vagas ao Senado na aliança tucana, mas foi preterido pelo PMDB, de Orestes Quércia.

UNE decide pela neutralidade na eleição 

A UNE decidiu em votação que marcou o final do 58º Coneg (Conselho Nacional de Entidades Gerais) que se manterá independente e não apoiará candidato nas eleições para a presidência da República. No último dia do encontro, realizado no Rio de Janeiro, a expectativa era que fosse votada uma proposta de apoio à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. A ideia era defendida por uma corrente minoritária da UNE que tentava conquistar a adesão da maioria dos delegados com direito a voto.

Deputado do RS faz curso para conquistar eleitores com força do pensamento 

Qualidade geralmente associada a entes divinos, a onipresença agora virou atrativo para candidatos atrás de novas formas para conquistar o eleitorado. Ou pelo menos acreditam nisso. É o caso do presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Giovani Cherini (PDT), que passou uma semana tentando aperfeiçoar-se na técnica, fazendo um curso midiaticamente chamado de "Avatar" -referência ao blockbuster de James Cameron. "A gente desenvolve [uma técnica] para poder falar com as pessoas onde a gente não estiver", explica ele, que é candidato à reeleição.

O Estado de S. Paulo

A um dia de perder a legenda para disputar a Presidência da República, o deputado Ciro Gomes (CE) transformou-se em alvo de fogo amigo do próprio PSB. Em retaliação às críticas desferidas pelo deputado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PSB, integrantes da cúpula partidária defendem que Ciro perca os cargos que possui no governo. Na mira dos dirigentes socialistas está a Secretaria de Portos, que tem status de ministério, sob o comando de Pedro Brito, homem de confiança de Ciro Gomes. A Secretaria de Portos comanda sete Companhias Docas pelo Brasil e foi criada pelo presidente Lula, em 2007, para atender à reivindicação do PSB de mais espaço no governo. 

Pimentel diz que o tempo vai 'cicatrizar mágoas' do deputado 
Um dos principais coordenadores da campanha presidencial da ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT), o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) afirmou ontem que é preciso deixar o tempo cicatrizar as mágoas do deputado Ciro Gomes (CE), cuja candidatura presidencial está prestes a ser rejeitada pelo PSB. Pimentel tratou como pessoal o projeto de Ciro e minimizou as declarações do socialista, que afirmou que o presidenciável tucano, José Serra, é mais preparado que a pré-candidata petista. "Ele está vivendo um momento muito delicado, muito difícil. Porque o projeto dele de ser candidato se inviabilizou. Ele está tenso, está nervoso e é natural que, às vezes, em um momento como esse, a pessoa tenha essa reação mais brusca", ressaltou. "Vamos deixar o tempo cicatrizar as mágoas. Tenho certeza de que o Ciro vai estar conosco nessa disputa de 2010."

Oposição tenta corrigir erros para voltar ao poder 

Nas campanhas anteriores, disputas e desentendimentos entre alguns dos principais representantes do PSDB e DEM minaram as chances de sucesso eleitoral nas corridas presidenciais. Foi o caso, por exemplo, do processo de disputa interna do PSDB que acabou definindo o então governador Geraldo Alckmin como candidato à Presidência em 2006. Naquela disputa o então prefeito da capital José Serra era a opção considerada mais lógica até por adversários. Apontado como tendo maior potencial eleitoral para barrar a reeleição de Lula, Serra demorou a definir sua candidatura e acabou sendo surpreendido pela movimentação de bastidores de Alckmin. Escolhido candidato de uma oposição dividida e desinteressada, o tucano não teve fôlego para impedir a vitória do PT. 

Ministério Público pede suspensão do mandato de 11 vereadores de Guarapari 

O Ministério Público do Espírito Santo entrou com ação por improbidade administrativa contra os 11 vereadores da Câmara Municipal de Guarapari. Pelas regras em vigor, cada parlamentar teria direito a até R$ 2,7 mil mensalmente de verba indenizatória. Além do salário de R$ 3,6 mil, eles fariam jus a R$ 600 para alimentação, R$ 400 para saúde, R$ 1,4 mil para lubrificantes e combustível, R$ 250 para telefonia e R$ 50 para correspondências. Mas, durante o período de junho a novembro de 2009, os parlamentares foram reembolsados, sem a devida comprovação, em R$ 174.856,67. Dez parlamentares receberam R$ 16,5 mil e o presidente foi ressarcido em R$ 12.856,67.

Diferenças em uma noite de harmonia 
Reunidos em volta da mesma mesa, na festa de 80 anos da economista Maria da Conceição Tavares, os adversários políticos Dilma Rousseff e José Serra chamaram atenção dos mais de 70 convidados quando se cumprimentaram amistosamente, na noite de sábado. A cena foi saudada com aplausos e um grito de "viva a democracia", vindo de um dos amigos da homenageada.  "Os dois não foram como candidatos, mas sim como meus amigos", disse Conceição ao Estado, no domingo. Ela afirmou que vai votar em Dilma, mas que Serra é seu amigo há muito anos, e esteve em seus aniversários de 50, 60 e 70 anos. "E a Dilma foi minha aluna, muito querida também", acrescentou Conceição. Às gargalhadas, a professora garantiu que "ninguém discutiu política, e ninguém pediu voto".

Correio Braziliense

Como a MPB driblou a censura 

Quando Chico Buarque de Hollanda subiu no palco do Ginásio de Esportes de Brasília, num sábado frio de 1973, as torcidas do 3º Festival de Música Jovem do Ceub ignoraram as rivalidades típicas de uma competição musical e receberam o ídolo sob fortes aplausos. Após a performance, que ofuscou convidados como Gilberto Gil e Ivan Lins, o cantor falou ao Correio sobre um tema que, naquele junho turbulento, era tratado à boca miúda: o cerco da censura. “As músicas totalmente vetadas ficam guardadas para reuniões com meus amigos, que as cantam até cansar”, afirmou.  Naquela época, os embates entre Chico e os censores eram recorrentes. Algumas vezes, com vantagem para o compositor. O caso da música Sonho impossível, versão de Chico para composição de Mitch Leigh e Joe Darion (Impossible dream), é um exemplo desse jogo de cintura. Com trechos como “sofrer a tortura implacável” e “vencer o inimigo invencível”, a canção poderia ser interpretada como um apelo contra a brutalidade militar. Mas foi liberada, e sem ressalvas, pela Polícia Federal.
Da berlinda aos holofotes 

Defenestrados de seus mandatos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por uma sorte de crimes que vão de abuso de poder econômico até a compra de votos, quatro políticos tentarão retornar ao palco político durante as eleições de outubro, a maioria na condição de favorito. Cassados no ano passado, os ex-governadores da Paraíba Cássio Cunha Lima (PSDB) e do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB) sonham em voltar aos holofotes no Senado Federal. Já o ex-governador do Maranhão Jackson Lago (PDT) e o ex-senador Expedito Júnior (PSDB-RO) tentarão um mandato como governador em seus respectivos estados. À exceção de Lago, os políticos com histórico recente de cassação lideram as pesquisas. 

Nós bem atados nas alianças fluminenses 

Terceiro maior colégio eleitoral do país, o Rio de Janeiro se transformou em uma caixa de marimbondos tanto para os governistas quanto para a oposição. As principais alianças em torno das pré-candidaturas ao Palácio do Planalto de José Serra (PSDB) e de Dilma Rousseff (PT) encontram dificuldades com aliados no estado, que concentra quase 11,5 milhões de eleitores. De olho no voto dos fluminenses, Serra e Dilma estiveram no Rio durante o fim de semana. O tucano preferiu evitar uma agenda política e participou das comemorações do aniversário da economista Maria da Conceição Tavares. A ex-ministra da Casa Civil esteve presente no mesmo evento, inclusive sentou-se ao lado do adversário, e se aventurou ontem no lançamento da pré-candidatura ao Senado de Lindberg Farias (PT).

Apenas um time nos dois lados 

Nos corredores jurídicos, a Advocacia-Geral da União (AGU) e tribunais de todo o país travam uma guerra de bastidores. A batalha se dá em torno da contratação de advogados particulares pelas cortes. No fim do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que advogados privados não têm legitimidade para representar a União. A vitória da AGU representa um novo desafio para a entidade, que tem como missão defender todos os órgãos que compõem os Três Poderes da União: o de atuar nas duas pontas de um mesmo processo nos casos em que há disputa entre dois órgãos do Estado. 

As credenciais de Dilma 

Mesmo contrariando a recomendação dos caciques petistas, a pré-candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) decidiu responder a parte dos ataques feitos pelo deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE). O socialista disse, na semana passada, que considerava o tucano José Serra (PSDB) mais capaz e melhor preparado do que Dilma. A ex-ministra da Casa Civil fez contraponto ao fogo amigo e disse que tem credenciais suficientes para disputar o cargo. A fala foi proferida durante o lançamento da pré-campanha ao Senado do ex-prefeito de Nova Iguaçú Lindberg Farias, ontem, no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

QUANDO A POLITICA PENETRA NO MUNDO ESPORTIVO O RESULTADO É DESASTROSO!!


O dia em que o Verdão ficou vermelho
Em entrevista exclusiva, Aldo Rebelo conta detalhes do inusitado jogo entre Palmeiras e Corinthians que levantou fundos para o antigo Partido Comunista do Brasil
Rudolfo Lago
Aldo Rebelo pede Ganso e Neymar na seleção e diz que futebol tem origem proletária
Rudolfo Lago

Antes do início da Guerra Fria, o confronto entre os Estados Unidos e a União Soviética que marcou a segunda metade do século passado, houve um curto espaço de tempo em que a grande nação comunista era apenas mais um dos países aliados, que se uniram no esforço de varrer a ameaça nazista do mapa do mundo. Nesse curto espaço de tempo, em que os comunistas não pareciam tão ameaçadores, houve um jogo em São Paulo, no estádio do Pacaembu, no dia 13 de outubro de 1945, em que Palmeiras e Corinthians disputaram a estátua de bronze de uma deusa grega, presa sobre uma base de mármore branco. Além da taça, ambos os times e a Federação Paulista abriram mão dos recursos arrecadados com um propósito inusitado: ajudar a financiar a campanha eleitoral do Partido Comunista do Brasil (PCB) naquele ano.

Para o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), foi algo que só poderia ter ocorrido naquele momento; não aconteceria nem antes, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, nem depois (apenas dois anos depois, em 1947, o PCB era posto na ilegalidade novamente). Os detalhes da realização dessa partida estão contados por Aldo no livro “Palmeiras X Corinthians 1945 – O jogo vermelho” (Editora Unesp), lançado na sexta-feira (9) em São Paulo, no Museu do Futebol.

Ex-presidente da Câmara, ex-líder estudantil, líder comunista há vários anos, Aldo revela, com esse livro duas outras facetas. Na primeira, ele encara sua atividade original, de jornalista, esquecida por anos de militância política. A segunda faceta, é sua paixão pelo futebol, especialmente pelo Palmeiras. Pelo clube, Aldo costuma seguidamente esquecer as diferenças políticas que tem com o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e ambos sentam-se juntos para torcer pelo time.

Nesta entrevista ao Congresso em Foco, Aldo inaugura uma série em que o site conversará, nessa véspera de Copa do Mundo, com políticos que têm ligação com o futebol. Aldo conta detalhes do inusitado jogo vermelho vencido pelo Palmeiras, dá seus palpites para a Copa da África, cobra a convocação das estrelas santistas Neymar e Ganso e ainda encontra um jeito de falar de política, lançando a tese de que o futebol é o esporte do proletariado.

Congresso em Foco - O senhor está lançando um livro, que conta a história de um jogo ocorrido em 1945, entre o Palmeiras e Corinthians, com o intuito de arrecadar recursos para o recém legalizado Partido Comunista do Brasil. Sem tirar muito o prazer da leitura do livro, o que o senhor pode contar sobre o que conta no livro?
Aldo Rebelo - Eu descobri a motivação do jogo quase que por um acaso. Visitando a Sala de Troféus do Parque Antártica (estádio do Palmeiras), vi uma taça muito diferente das demais. Uma mulher alada, uma deusa grega, sobre uma base de mármore, esculpida em bronze. Fui observar de perto a taça. Vi que tinha sido obtida em um jogo em benefício do Movimento Unificador dos Trabalhadores, o MUT, em 13 de outubro de 1945. O Movimento Unificador dos Trabalhadores era o braço sindical do Partido Comunista, nos anos 40. Então, esse jogo teve relação com o Partido Comunista. Fui verificar nas atas da FederaçãoPaulista, no próprio Palmeiras, no próprio Corinthians, e estava lá: tudo acertado entre  o MUT, a Federação e os clubes. Um jogo beneficente. Os clubes dispensaram qualquer quantia pela apresentação. A Federação Paulista dispensou a própria taxa administrativa.

Onde foi o jogo?
O jogo foi marcado para o Pacaembu. Havia até uma polêmica sobre o horário do jogo, sobre a possibilidade de os operários comparecerem. Mas a revelação maior veio quando eu fui conferir a divulgação do jogo na imprensa. A imprensa deu uma divulgação grande ao jogo, inclusive ao caráter beneficente do jogo. Mas, na divulgação do jogo, aparecem os integrantes, alías, as integrantes, porque eram mulheres, do Comitê de Finanças do Partido Comunista. E elas davam entrevistas, divulgavam o jogo. Fui atrás dos familiares dessas mulheres. Confirmei que elas, de fato, integravam o setor de Finanças do PCB. Naquele momento, todos os partidos estavam fazendo campanha de arrecadação de recursos para as eleições. Um jornal, inclusive, publicava na mesma página uma informação de que a UDN estava fazendo campanha de arrecadação de finanças em Uberaba ou Uberlândia, no Triângulo Mineiro. E vi também como a imprensa partidária tratou o jogo. O jornal do partido tratou o jogo com muita deferência, quase editorialmente: uma discussão sobre o futebol e o movimento operário, que o futebol tinha origem operária, que era um esporte proletário. E, pouco antes, o próprio Pacaembu tinha sido cedido para um comício de Luís Carlos Prestes, assim  como o estádio do Vasco, no Rio. Então, esse vínculo entre os comunistas e o futebol na época já era bem visível.

Havia comunistas entre os dirigentes da Federação e dos clubes? Ou entre os jogadores?
Não havia uma relação de militância. Não descobri  nem jogadores nem dirigentes filiados ao partido. Mas havia simpatizantes. O principal jogador do Corinthians, o maior artilheiro da história do Corinthians, Cláudio Cristovão Pinho, teve até falecer uma relação muito próxima dos comunistas. Um dirigente do Corinthians tinha uma posição também, em relação à Segunda Guerra, em defesa dos aliados. E na Federação, também. Ulysses Guimarães, muito jovem, era dirigente da Federação. Havia uma simpatia no momento muito forte por conta da participação da União Soviética com os aliados para a derrota do Eixo nazista e fascista. No Brasil, isso se confundia com o esforço de redemocratização do país. Essa foi a conjuntura que permitiu a realização do jogo. Não creio que ele teria sido possível antes, e acho que também não poderia ser possível depois.

De fato, o momento de legalidade do PCB na época foi curto. Legalizado em 1945, quando ele se torna novamente clandestino?
1947. Apenas dois anos depois.

Mas era divulgado claramente que o objetivo do jogo era arrecadar fundos para o PCB?
Não. O jogo foi organizado em benefício do MUT. Mas quando você ia conferir o MUT, a relação era clara. O principal dirigente do MUT era João Amazonas, que então já era um dos principais dirigentes do PCB. Os dirigentes do MUT foram todos candidatos pelo PCB a deputado federal ou estadual. A preliminar do jogo foi disputada entre o time do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, que era dirigido por um palmeirense, e o time do Sindicato dos Trabalhadores da Fiação e Tecelagem, comandado por um corintiano.  E as pessoas do PCB apareciam também na promoção do jogo. Houve uma entrevista coletiva dessas mulheres do Comitê de Finanças. Havia uma mulher, muito bonita, Iracema Rosenberg. Eu fui entrevistar o filho dela, que na época tinha cinco anos, foi ao jogo, e disse que ela recebia os dirigentes do partido. Ele me disse: ela era ativista, recebia os dirigentes: João Amazonas, Prestes. Então, esse vínculo foi ficando claro. Havia uma meta do partido de arrecadar 750 mil cruzeiro para financiar as eleições. O jogo arrecadou quase 115 mil cruzeiros.

O senhor mencionou simpatizantes comunistas no Corinthians. E no Palmeiras? O time tinha sido obrigado a trocar de nome na guerra – antes era Palestra Itália. Era identificado com a Itália, um país inimigo na guerra. Havia ligação dos italianos do Palmeiras com o fascismo italiano?O Palmeiras tinha uma dupla identidade. Era o clube da colônia italiana em São Paulo. A colônia italiana tinha uma parte no proletariado. O proletariado paulistano era então maciçamente de origem italiana. Eu perguntei à viúva de João Amazonas por que ele torcia pelo Palmeiras ...

João Amazonas era palmeirense?
Era palmeirense. E a viúva me respondeu com toda a naturalidade que ele torcia pelo Palmeiras “porque era o time dos operários”. Mas havia também na colônia italiana uma parcela de empresários com simpatia pelo fascismo. Mas que não era um grupo decisivo na direção do Palmeiras. O partido sofreu pressão, teve que mudar de nome. No primeiro jogo depois que mudou de nome, depois que deixou de ser Palestra Itália, o Palmeiras entrou em campo com uma bandeira do Brasil. Final do Campeonato Paulista de 1943. Contra o São Paulo. E o Palmeiras venceu.  Na colônia italiana, devia haver simpatizantes do fascismo, mas também havia simpatizantes da luta contra o fascismo, da mesma forma como havia na Itália.

Durante muito tempo, foi lugar comum entre os partidos de esquerda repetir que o futebol era o ópio do povo, uma coisa alienante. E, de repente, surge essa sua história de envolvimento entre o futebol e o Partido Comunista ...Houve muitas tentativas de governos autoritários de usar o esporte como forma de promoção das suas ditaduras. No Brasil, isso aconteceu no governo Médici. Na Alemanha, no nazismo, houve a intenção de Hitler de transformar as Olimpíadas de Berlim em 1938 num culto à raça ariana, até que o americano negro Jesse Owens foi lá e derrotou os alemães brancos no atletismo. Mussolini também. Mas isso é uma coisa passageira e menor. Porque, rigorosamente, o futebol reúne duas coisas para o proletariado: o lazer e a diversão. A semana inglesa, que foi uma conquista importante dos trabalhadores, não foi uma conquista do movimento sindical. Ela se deu por causa do futebol. Os operários queriam o sábado para jogar futebol. Há atas do Partido Comunista na União Soviética de reivindicações de operários pedindo a semana inglesa para jogar futebol.

Por que para jogar futebol, e não para passear, descansar, etc?Porque na primeira fase da Revolução Industrial, quando prevalecia a manufatura, os operários usavam para trabalhar as mãos. E, daí, veio a noção de que o descanso deveria ser alguma atividade que envolvesse os pés. Então, adaptou-se a regra de um esporte aristocrático, o rugby, para que passasse a ser jogado com os pés. Foi assim que surgiu o futebol. A origem do futebol é operária. Até hoje, o futebol não é um esporte tratado pelas aristocracias.  O futebol é um esporte barato. Adaptável a qualquer espaço. Não exige equipamentos sofisticados. A esquerda, uma época, manifestou uma certa desconfiança com o futebol, sem entender que ele é uma coisa do povo, que não tem culpa das eventuais ditaduras que os assolam.

O livro lhe trouxe a oportunidade de uma experiência na sua função original, de jornalista. Como foi essa experiência?Quando eu vi a taça, nos anos 90 e conheci sua origem, pensei: “Preciso contar essa história, Isso não pode ficar perdido numa sala de troféus”. Mas eu precisava de tempo, de dedicação. Há males que vêm para o bem. Eu perdi as eleições para presidente da Câmara, e ganhei tempo para escrever algumas coisas. Fiz um trabalho sobre a reserva indígena de Raposa Serra do Sol e o índio e a questão nacional. E foi possível também ir atrás dessa história. Nós não perdemos a nossa vocação primeira. E a minha vocação primeira é de jornalista.

Como se deu essa sua relação com o Palmeiras. O senhor foi para São Paulo já adulto ...Com mais de vinte anos. Mas eu já torcia para o Palmeiras em Alagoas, desde os oito anos de idade. A grande rivalidade do Santos na década de 60 era o Palmeiras. O Santos hegemônico, mas o que ele não ganhava era o Palmeiras. O Santos já tão forte. Eu resolvi escolher: quem enfrenta o Santos? E virei Palmeiras. Meu primeiro time de botão foi o Palmeiras.

Quem era o craque desse seu time de botão?Sem dúvida, o Adhemir da Guia. Era o grande craque da época. Uma vez que o Palmeiras foi jogar em Maceió, minha mãe bordou um escudo do Palmeiras numa camisa branca de meia que eu tinha, e eu fui torcer pelo Palmeiras num jogo contra o CRB. Eu jogava com o Palmeiras, e meu irmão jogava com o Corinthians. Num certo momento, ele começou a jogar botão melhor do que eu. Eu disse: ‘Não está certo isso aqui’. Aí, ele passou a jogar com o Palmeiras e eu com o Corinthians (risos).

Estamos chegando perto da Copa do Mundo. Como você avalia as chances do Brasil?O Brasil, em qualquer Copa do Mundo, tem sempre uma grande chance. Às vezes depende de como chegamos no momento da Copa. De como estão nossos jogadores. E, nesse sentido, eu fico preocupado. Nossos melhores jogadores não atravessam uma fase das melhores. Kaká com um problema de saúde. Nosso maior craque, Ronaldinho Gaúcho, vive uma fase difícil. Nosso Ronaldo já não tem condições de disputar uma Copa do Mundo com o vigor com que disputou em 2002. E temos talentos muito precoces, que não sei se terão condições já de encarar uma Copa do Mundo.

O senhor fala de Neymar e Ganso, do Santos? O senhor acha que Dunga deveria convocá-los?
Isso. É muito fácil para um torcedor, que não tem a responsabilidade, falar sobre isso. Mas não há dúvida de que toda a exuberância do atual futebol do Santos é apoiado nesses dois jogadores. E me parece que o Ganso é já um atleta muito maduro, apesar de muito jovem. E mesmo o Neymar eu acho que ele merecia pelo menos ser testado.

E o Gaúcho?Vai depender mais dele. Ele tem alternado atuações brilhantes com outras nem tanto. Seria importante para o Brasil se ele tomasse como desafio disputar essa Copa do Mundo. Acho que talento, a presença dele em campo, já é uma coisa que dá respeito à Seleção Brasileira.

E as demais seleções?Enquanto isso, a Argentina saiu de uma fase de dificuldade para uma fase de crescimento. Se o Maradona encontrar um jeito de deixar o Messi jogar na seleção como joga no Barcelona, a Argentina vira uma forte candidata. A Inglaterra, se seus principais jogadores estiverem bem, é forte. Como a Espanha. A Itália é como o Vesúvio: quando você pensa que está apagado, entra em erupção. Quando a Itália resolve ganhar uma Copa do Mundo, ganha, como fez em 1982, como fez na última Copa. A França também tem bons valores. Jogadores brilhando em vários times. Será que vai fazer um bom campeonato?

De fato, muitas vezes times que quase tropeçam na classificação, disputam bem a Copa. O fato da França ter se classificado com um gol de mão pode não querer dizer nada ... Argentina em 1986, por exemplo, também chegou muito desacreditada.

O estilo Dunga, agrada ao senhor?Não tenho uma impressão de que o técnico, em geral, decide o jogo. Sempre achei que valem mais os jogadores se entendendo dentro de campo. Na minha cidade, Viçosa, tem um time, o Comercial. Durante muitos anos, o técnico foi o mesmo. Quando tinha um jogador de talento, o time ficava quase imbatível. Quando os jogadores eram ruins, o time apanhava de todo mundo. Eu acho que o técnico pode muito pouco. A imagem que me vem é o que contam do Vicente Feola (técnico da Seleção em 1958 e 1962): ele lá cochilando e o time resolvendo em campo. O Zagalo é um bom técnico. Mas um time que vinha já das eliminatórias com Pelé, com Tostão, Rivelino, Gérson, Clodoaldo, estava destinado a ser bem sucedido.

Na final da Copa da França, houve aquele já famosa episódio da convulsão do Ronaldo. Tomou uma injeção mal aplicada. Aquela discussão: escala, não escala. Foi escalado por pressão da Nike. O senhor propôs, então, a CPI da Nike, que não chegou à conclusão. Não se conseguiu esclarecer o episódio?Acho que foi esclarecido. Houve duas coisas distintas. Havia, sim, o interesse da Nike, que queria ver o principal jogador que patrocinava em campo. O Brasil, sendo campeão, haveria a foto da vitória, e a Nike queria que o Ronaldo estivesse nela. Mas as razões do Zagalo foram outras, completamente diferentes. O Zagalo tinha a responsabilidade pelo resultado. Se o Brasil perdesse sem o Ronaldo, imagine como o Zagalo iria responder por isso. Ele tinha a autorização do médico para escalar o Ronaldo. Se o Brasil perdesse, diriam que era pela ausência do Ronaldo. O Zagalo ia ficar com uma responsabilidade muito grande. O Zagalo se baseou na opinião médica.

O senhor não acha, então, que a pressão da Nike foi determinante?Não foi. Se o Zagalo não tivesse a autorização do Departamento Médico, não escalaria o Ronaldo. Nem teria como fazê-lo. Não correria esse risco. Mas, dispondo de um atleta liberado pelo Departamento Médico, Zagalo não tinha como não dispor do melhor jogador do Brasil. Não teria argumentos para fazer isso. E os próprios jogadores esperavam que o Ronaldo, liberado, estivesse em campo, embora também temessem pela saúde dele.

Independentemente desse episódio específico, nós vivemos uma situação em que há muito dinheiro envolvido no esporte. Os jogadores ganham muito dinheiro. Há muitos interesses comerciais, dos patrocinadores. Isso distorce o esporte?Distorce muito. O futebol surgiu como uma manifestação cultural, social, à margem do mercado. Como o carnaval. Era um esporte operário, popular, amador. Depois, semiprofissional. E, então, profissional. Mas, mesmo no início, o futebol era profissional, mas não era um grande negócio. Era uma profissão.  Era algo mais no campo artesanal. O jogador de futebol  era quase um artesão, remunerado por aquela arte. Muita gente acha que o capitalismo está no fim. Eu acho que o capitalismo ainda tem muita força. E demonstra a sua força nessas coisas. O capitalismo dotou o futebol de instrumentos que o transformaram num grande negócio. Valores altíssimos. A deformidade que se trouxe junto com isso é que o futebol deixa de ser uma paixão que tem um vínculo de sentimento entre o torcedor e o seu clube para ser como uma mercadoria que você consome. Então, o torcedor passa a exigir que o clube faça gols, que o atleta forneça mais e mais aquele produto, que é o gol. Esvazia o futebol da sua função e seu papel originais. Você está pagando, quer receber o produto. Daí a agressão a jogadores, toda essa violência. Isso pode acabar por arruinar o futebol. Nesse aspecto, o capitalismo fez muito mal ao futebol.

O Brasil é sede da Copa do Mundo, sede das Olimpíadas. No caso da Copa, a Fifa faz críticas às obras no Morumbi, depois às obras do Maracanã. Esse atraso é preocupante? Podemos acabar perdendo essa Copa?Creio que não. O Brasil tem todas as condições de fazer os dois eventos. Eu só temo que como as Olimpíadas estão mais longe, nós tomemos esses jogos como referência. Não pode. Não se pode esperar pelas Olimpíadas para fazer a infraestrutura necessária. Nós temos bons estádios. Em vários estados. Não acho que esse seja o maior problema. São obras de adaptação, que podem ser feitas. O problema maior é a infraestrutura e a logística. Nossos aeroportos precisam melhorar muito. Eles não estão dando conta da situação agora. Hoje. Isso precisa melhorar. Mas são coisas que podemos fazer. A Fifa tem o direito, ou a obrigação, de cobrar resultados, prazos. O governo tem sua burocracia. Essas obras precisam de licenciamento ambiental. O licenciamento ambiental do Brasil é o mais demorado do mundo. Isso pode nos tomar muito tempo. Pode nos privar de um tempo importante para a realização física das obras. A Fifa deve estar preocupada. E o governo também deve ficar preocupado com isso. É uma questão de ser rigoroso com o calendário.

Nós tivemos a experiência dos Jogos Pan-Americanos, que superaram muitas vezes o orçamento original. O governo bancando o que antes achava que poderia fazer em parceria com a iniciativa privada. Irregularidades. Nós corremos de novo esse risco.Nós corremos uma série de riscos. Se uma obra é embargada, o custo dela vai aumentar. Por isso, temos que ter um calendário enxuto, com os problemas burocráticos resolvidos, para não haver atrasos problemáticos.

Mesmo assim, vale a pena o Brasil sediar uma Copa do Mundo?Sem dúvida. É incontornável para o Brasil. O único país a participar de todas as Copas do Mundo. O único país que foi campeão mundial cinco vezes. Um país com um número imenso de craques espalhados pelo mundo. O Brasil já realizou uma Copa do Mundo, não diria que com sucesso, porque perdemos a final (risos). Mas, do ponto de vista da organização, foi um sucesso. A África do Sul tem teoricamente muito mais dificuldades que o Brasil. Temos condições, se tomarmos com pulso, com firmeza, o desafio de fazer a Copa. Para a Fifa, também é importante realizar uma Copa do Mundo no Brasil. É fazer a Copa no país que tem mais tradição nesse esporte.

Como o senhor avalia a atuação de seu colega de partido, Orlando Silva, no comando do Ministério do Esporte?O Orlando tem demonstrado uma grande capacidade como executivo. São responsabilidades grandes: realizar uma Copa, uma Olimpíada. Ele tem conseguido tocar esses desafios. Outras coisas não dependem só dele. Estão para além da responsabilidade do ministério as necessidades de melhora na infraestrutura, nos transportes. Isso é um esforço que envolve o governo tudo.

Agora, recentemente, houve uma denúncia com relação à gestão do programa Segundo Tempo. Essas denúncias têm fundamento?Se têm fundamento ou não, as investigações revelarão. O que eu soube, pela imprensa, é que o ministro, assim que soube das irregularidades, suspendeu os contratos.